Do marginalizado ao mainstream, o rap crioulo dominante desbancou artistas internacionais e grandes nomes nacionais de ritmos como a kizomba e o afrohouse, que antes tinham uma certa dominância entre os mais ouvidos, para dar lugar a rappers que chegam a estar três meses no primeiro lugar e anos no top 100 mais tocados.
Nos últimos anos, o hip hop crioulo tem crescido enormemente em Cabo Verde e sobretudo na diáspora, passando de uma habitual ausência nos cartazes de festivais ou festas populares para uma presença obrigatória em quase todos os eventos, dos mais mainstream aos mais alternativos. As estações de rádio em geral foram infectadas pelas rimas e batidas. Os números em plataformas como o YouTube e o Spotify não mentem.
Com a recente chegada das plataformas de streaming ao arquipélago, disponibilizando números e rastreando artistas nacionais que vivem dentro e fora do arquipélago, criou-se um movimento que separa os homens das crianças, revelando grandes talentos da nova geração e reafirmando o lugar daqueles que realmente movimentam a cena e dão nome ao mainstream do rap crioulo.
Como métrica, podemos utilizar números de várias plataformas, como o Spotify, o Deezer, o YouTube e outras, mas vamos pegar numa, a Apple Music Cabo Verde, para analisar um fenómeno que nos pode situar onde está o Rap Crioulo, um género musical que já chegou ao mainstream há muito tempo, graças à força da velha guarda que vive no país e da diáspora, que não mencionaremos hoje, mas sabemos de onde surgiu a base forte que existe no presente.
Do marginalizado ao mainstream
Se o rap tem uma longa história de marginalização, tanto nos EUA como noutros países para onde se expandiu, como Cabo Verde e a nossa diáspora, onde surgiu e ganhou força graças às influências sofridas pelos filhos de imigrantes cabo-verdianos, que mais tarde viriam a dar a cara ao movimento, isso pode ser ainda mais verdade, no caso nacional, para o rap crioulo em particular. O exotismo da língua e o estatuto social muitas vezes associado a esta foram fatores que fizeram com que estes artistas não tivessem tantas oportunidades e portas abertas como os seus pares que rimavam em português e outras línguas do país acolhedor.
No entanto, parece que hoje o rap crioulo vive uma nova fase, com um à-vontade cada vez mais internacional, o que se deve às plataformas de streaming e à democratização da era em que vivemos, prova disso é os números conquistados pelos rappers nacionais, como exemplo podemos pegar em muitos nomes desta nova geração como Mark Delman que chegou a entrar no Top global, e esteve meses como número 1 no país, ou ainda podemos ir para o mais recente, o aparecimento de Alyrio, que com o álbum “Fidju di Preta”, atingiu mais de 100 mil reproduções nas primeiras 6 horas do seu lançamento, numa única plataforma.
Feitos
Há já algum tempo, que o Apple Music Cabo Verde é palco de uma grande mudança. Se antes a plataforma era dominada por artistas internacionais, ou por alguns artistas nacionais com ritmos mais populares, hoje as coisas mudaram, pois atualmente quem domina este serviço de streaming são os rappers, que se estreiam com álbuns já entre o top 1, e com 15 faixas a ocupar todos os 15 primeiros lugares, impulsionando ainda lançamentos mais antigos.
Entre os nomes que tem dominado a plataforma temos:
- Mark Delman
- Alyrio
- CESF
- Helio Batalha
- Rednave
- Miguel KR
- Loose Jr
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