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De ajudante de pedreiro a primeiro medalhista olímpico da história de Cabo Verde

 


A história do primeiro medalhista olímpico de Cabo Verde, David Pina, que deixou de treinar na preparação para Paris-2024 para trabalhar como ajudante pedreiro em Portugal, é comovente e ganha destaque na imprensa mundial.

O atleta que conquistou a torcida do Paris-2024 ao entrar no ringue com o cabelo em formato de orelha do Mickey Mouse tornou-se o primeiro medalhista olímpico da história de Cabo Verde. Pina teve que superar problemas financeiros para chegar à disputa e fez uma pausa de dois meses na preparação para trabalhar na construção civil em Portugal.


O treinador do boxeador, Bruno Carvalho falou à agência Lusa sobre os desafios enfrentados pelo atleta.

— Ele foi trabalhar dois meses nas obras para ter dinheiro para a casa, para a família, para poder comer — diz ele, depois que Pina se classificou para as semifinais da categoria boxe -51 kg e, com isso, garantiu pelo menos uma medalha, bronze.

Pina "largou tudo" para tentar uma vaga em Paris-2024 na última qualificação mundial da modalidade, em Bangcoc. Ele já havia participado de Tóquio-2020, por meio de um "wild card" — foi aí que passou por clubes de Lisboa para se preparar para o desafio e conheceu Bruno Carvalho. Desta vez, para 2024, teve de fazer 13 viagens internacionais nas disputas pela vaga olímpica, até que "o dinheiro acabou".

— Ele tem uma bolsa de solidariedade olímpica de 750 dólares por mês, o que é muito pouco. Também tem família, uma mulher e dois filhos. Houve uma altura em que disse que tinha de parar para ir trabalhar — lembra o treinador. — Isto é tudo muito engraçado, mas ninguém banca nada nem ninguém até conseguir o resultado. Ele fez um esforço brutal e foi recompensado.

Carvalho ressaltou que o pugilista largou a vida em Cabo Verde para trabalhar duro em sua preparação, durante três anos, e elogiou o talento de Pina. Mesmo quando precisou atuar como pedreiro para pagar as contas, o foco do atleta nunca foi questionado.

— Sempre disse que vinha para aqui com a missão de conseguir uma medalha — acrescentou o técnico. — Faltava-lhe técnica, especialização na parte estratégica, ter ferramentas para lidar com outros estilos de adversários. Isto culminou de três anos de muito trabalho, mas seria impossível sem o talento dele.

Pina destacou o talento do treinador depois de vencer Patrick Chinyemba, de Zâmbia, nas quartas.

— Ele [Bruno Carvalho] é o engenheiro de todas as minhas lutas. Não dormia, todas as noites estudava o jogo. Eu apenas faço o que ele me diz para fazer — disse o atleta à Associated Press.

Na semifinal, neste domingo, Pina enfrenta Hasanboy Dumatov, do Uzbequistão, atual campeão mundial e medalha de ouro na Rio-2016. O pugilista e seu treinador ressaltam que tudo pode acontecer no ringue e que a estratégia é pensada para cada luta, "passo a passo".

C/ O Globo

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