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De coveiro a campeão africano de boxe, Sifonelo Borges sonha com os jogos olímpicos de Paris’2024


 

É um dos quatro atletas cabo-verdianos que, na semana passada, conquistaram a medalha de ouro em Freetown, na Serra Leoa, no campeonato africano de boxe da Zona 2 do Desporto em África.

Sifonelo “ Keny” Borges, 30 anos, juntou assim mais um título no seu já extenso palmarés desde que começou a praticar o boxe aos 13 anos de idade. Muito forte fisicamente, o “Homem Marreta” como também é chamado, dominou o boxe cabo-verdiano nos últimos 17 anos, vencendo quase todas as provas em que participou. Na categoria de meio-pesados ele tem 10 títulos nacionais e a nível africano tem uma vasta de coleção de troféus e medalhas conquistados em provas regionais.

CONTRARIANDO O DESTINO

Keny Borges divide o seu tempo entre o Pavilhão Vavá Duarte, onde começa a treinar todos os dias às 5 da manhã, e o Cemitério de Achada de S. Filipe onde trabalha como coveiro das 7 da manhã às 5 da tarde.

Nascido e criado no seio de uma família pobre no bairro de Tira Chapéu , tido como um dos mais problemáticos da cidade da Praia, Kenny diz que foi o boxe que o manteve longe dos vícios e da delinquência.

É o boxe que também agora lhe proporciona algum desafogo financeiro, já que esta segunda-feira a Câmara Municipal da Praia lhe entregou 100 mil escudos e a promessa de um terreno para construir a sua casa pela façanha realizada em Freetown.

Keny é funcionário da Câmara mas os 13 mil escudos líquidos que recebe mensalmente mal chegavam para cobrir as despesas de alimentação de um atleta de alta competição .

FOCO NOS JOGOS OLÍMPICOS

Para já a medalha de ouro conquistado em Freetown proporciona a Keny Borges a qualificação automática para os Jogos Africanos de Acra 2023 mas o grande sonho do pugilista é estar presente nos Jogos Olímpicos Paris 2024 .

Keny queixa-se de ter sido “preterido” da seleção de Cabo Verde que disputou a em Dakar a qualificação para as Olimpíadas de 2020 por sistematicamente chegar atrasado aos treinos devido ao horário dos enterros ao mesmo tempo que clama por um tratamento “mais digno” aos desportistas que representam Cabo Verde por parte do governo e dos responsáveis pelo desporto.

Da mesma forma que Keny Borges pratica o desporto, fazendo sol ou fazendo vento ele está lá trabalhando no Cemitério sem grandes condições por falta de fardamento, botas , chapéu e outros acessórios indispensáveis para a prática do ofício. E sem qualquer patrocinador, é com a mesma paixão com que pratica o boxe com que abre a cova para os mortos , sempre na esperança de ver seu esforço reconhecido.

A sua força, determinação e sacrifício , mas também o seu sucesso no campo desportivo, fazem dele um exemplo e uma referência para a juventude cabo-verdiana que pode encontrar no desporto uma forma de se manter afastado do mundo da violência.

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