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Angela Brito coloca “Nhu Santo Amaro” nas passarelas do São Paulo Fashion Week

 


Há quase 30 anos no Brasil, a estilista cabo-verdiana, levou as manifestações culturais das ilhas do arquipélago às passarelas do São Paulo Fashion Week.

O trabalho de Angela Brito traduz a ligação que a estilista, nascida em Cabo Verde, e que vive no Brasil, tem ainda com seu país. São construções identitárias inconfundíveis. Em sua estreia no São Paulo Fashion Week, em 2019, ela foi a única mulher negra no line-up e, nesta edição, levou festas de santos à passarela do Shopping Iguatemi, em São Paulo.

Angela Brito: 'Vivo no Brasil há 28 anos, mas sou eterna estrangeira'

É no contexto das romarias religiosas que nasceu a coleção apresentada no SPFW número 56.

"Ela fala sobre reencontros. Peguei o fio da meada das festas de romarias [para falar] sobre deslocamento pelo mundo, o não pertencimento. Qual é o elo em comum entre imigrantes? Tenho o propósito de conectar pessoas e ideias. Sou uma mulher cabo-verdiana que vive no Brasil há quase três décadas. Preciso falar sobre minha origem e conectar os dois mundos", conta a Marie Claire.

A coleção "Romaria" reúne 30 looks atemporais que vagueiam entre tons neutros e uma pincelada de verde e azul claros, além do cinza. Para apresentar o elemento igreja de forma sutil, algumas referências à estética do monastério aparecem em detalhes em algumas peças.

Meias-calças na cor lilás e acessórios como lenços, bolsas e sandálias entram dando um toque especial à coleção. Por fim, o uso do sibitchi, pedra tradicional usada como símbolo e amuleto em Cabo Verde, complementa o styling da linha. Nos pés, Havaianas traz toda a ginga brasileira com os calçados da apresentação.

Além disso, há quatro peças estampadas, cuja arte foi criação de Maxwell Alexandre. “Meu interesse em moda é antigo, perpassa minha vida e, evidentemente, a minha obra. Ao meu ver, tanto a arte quanto a moda são duas plataformas que oferecem autoestima e dignidade ao indivíduo, mas que ao mesmo. tempo subjugaram e sub representaram certos tipos de identidades. Os dois campos reforçam e mantêm a distinção e o prestígio social de certas castas”, diz o artista.


As festas tradicionais cabo-verdianas serviram como pontos de reflexão, mas a inspiração também veio daquelas que acontecem pelo Brasil, como a Círio de Nazaré, em Belém do Pará, Bom Jesus da Lapa, na Bahia, a Romaria de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, e as festas de São Jorge, no Rio de Janeiro.

Sua moda é “afrocosmopolita”, que representa um diálogo contínuo entre o novo e o antigo, o contemporâneo e elementos de origem, onde as vestimentas ganham vida como uma narrativa de pertencimento em constante transformação.

“Eu sempre volto ao meu lugar de origem para depois pensar no link com o meu lugar no presente", explica a estilista.




Por: Marie Claire

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