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A participação e o título atribuído a Stephany Amado geram polémica e discussão



Dias depois de o país ter parado com a notícia de que Stephanie Amado foi eleita “Rainha de África”, num concurso internacional de beleza, a ex-primeira-dama Lígia Fonseca, não poupou críticas a entidades que vão desde o ICIEG, Chefe do Governo e ao Presidente da República, que destacaram o feito como uma grande conquista para o povo cabo-verdiano.

“Stephanie Amado é bela, prosseguiu um sonho, teve uma organização nacional que trabalhou muito bem nesta candidatura e arrecadou títulos que a honraram. Venceu. Dou-lhe os meus parabéns e a todos os que trabalharam para isso, incluindo os que pagaram para votar. Mas, tenho de vos dizer que não gosto de concursos de beleza. Muito menos destes que perpetuam um ideal padronizado de beleza : mulheres altíssimas, esqueléticas, que têm de ter medidas certas de cintura, busto, que não podem ser casadas nem ter filhos e isto é aquilo. São concursos de glamour (é só vermos as fotos que os nossos mais altos representantes políticos e até o ICIEG postaram nas suas páginas sociais!), de luzes, que nos entretêm enquanto geram milhões para os seus organizadores.” Iniciou Lígia Fonseca.

Num artigo de opinião publicado hoje quinta-feira (15/12) no jornal online Expresso das Ilhas, a ex-primeira-dama continuou “Não gosto destes concursos porque passam uma ideia de mulher objeto (por mais que agora as ponham a debitar projetos sociais ou ideais de solidariedade), de uma mulher que tem de saber andar de uma certa forma, ter um estilo de corpo, as barbies que continuam a encher o imaginário das nossas crianças e que, são, também, o fruto das suas insatisfações. Fortificam a ideia de que, ao olhar para uma mulher, o que importa em primeiro lugar é ver se é fisicamente bela (agradável ao macho). Quantas de nós não sofremos por causa disto cada vez que vamos para uma entrevista de trabalho, para uma conferência?

O padrão de corpo de mulher que é alimentado por estes concursos internacionais de beleza física é também um fator que tem conduzido ao aumento de problemas de saúde como são os distúrbios alimentares como bulimia e anorexia e até ao aumento de tentativa de suicídio entre as jovens que não conseguem se sentir socialmente aceites por terem corpos bem diferentes desse padrão.”

Ainda no mesmo artigo, num dos trexo, pode ler-se “Mas, dizia, eu, neste país em que estamos a desconstruir estereótipos, em que queremos combater os preconceitos contra as mulheres, em que se aprovam leis, regulamentos e fundos para trabalhar a auto-estima destas, em que diariamente dizemos às nossas meninas que elas são lindas e poderosas sejam gordas, magras, altas, de olhos azuis ou castanhos, é, também, neste país que a entidade governamental para igualdade e equidade de género (ICIEG), o Chefe de Governo e o Presidente da República destacam como grande feito e orgulho de um povo , uma vitória num concurso de miss internacional e postam a beleza glamourosa da inquestionavelmente bela eleita Miss Africana nos seus trajes e cenários ocidentais que se distanciam completamente do padrão corporal da mulher africana.”

Para terminar, Ligia Fonseca, escreveu: "A aparência mediática é a essência destes concursos de beleza. Gostaria que a nossa essência fosse maior do que essa. E é. A nossa liberdade é bem maior, só ela me permite ousar escrever este texto e publicá-lo, neste momento", nas redes sociais logo surgiram muitas vozes a concordarem com a opinião daquela que foi uma das mais engajadas primeira-dama que este país já teve.

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