O astro brasileiro falou, em entrevista ao Jornal O Globo, esta semana, sobre a sua segunda vinda ao arquipélago, onde é conhecido como “primo do Foguinho”, e diz ter encontrado um pedacinho do Brasil.
Ator, produtor e escritor que visitou o país pela segunda vez, para finalizar o best-seller ‘Na minha pele’ e diz que encontrou um pedacinho do Brasil: ‘Aprendi que dá para fazer uma viagem para se encontrar’
No pequeno e acolhedor Cabo Verde, Lázaro Ramos é outro. O ator, escritor e diretor diz que encontrou uma versão mais leve de si mesmo durante uma viagem ao país africano no mês passado. Durante os oito dias de “autoexílio”, procurou o foco necessário no arquipélago atlântico para terminar de escrever o segundo volume de “Na minha pele”, best-seller que já vendeu 300 mil exemplares desde 2017.
A aguardada continuação, cuja escrita se arrastava por seis anos, deve aprofundar alguns temas já abordados no primeiro livro, como a construção da identidade brasileira, os dilemas de uma pessoa negra, o preconceito e a constituição familiar. O estilo segue o mesmo — misto de ensaio, memórias e bate-papo —, só que num tom diferente.
O artista esteve em Cabo Verde pela primeira vez em 2018, para participar de um evento literário com outros autores lusófonos. Apaixonou-se de imediato pelo país insular, pontuado por vulcões e com uma população de pouco menos de 600 mil habitantes. “É pequenininho, mas produz muita cultura”, descreveu na época para sua esposa, a atriz Taís Araujo.
‘Um brasilzinho’
Nesta segunda passagem, o contato com a cena artística cabo-verdiana teve forte influência no formato final do novo livro, recém-entregue à editora Objetiva, que tem o título provisório de “Na minha pele 2”. Lázaro optou por escrever fora do hotel a maior parte do tempo, e a cada saída na rua entendia melhor por que havia viajado. Encontrava artistas por acaso em cafés e livrarias e era convidado para assistir a saraus de poesia e para conferir de perto o movimento teatral. Também conheceu a produção de hip hop, expandindo seu conhecimento da música local para muito além da icônica Cesária Évora.
Curiosamente, ele não se aproximou apenas de uma nova cultura, mas de uma pequena fatia de si mesmo. A influência do Brasil no cotidiano do país é tamanha que trovadores cabo-verdianos chamam o arquipélago de “pedaço de Brasil”. “És nosso irmão/ moreno como nós”, cantava Francisco Xavier da Cruz, o lendário B. Leza.
— Os cabo-verdianos dizem que se sentem um “Brasilzinho” — conta Lázaro. — Olha como é engraçado: fui lá buscar um aprendizado e descobri essa identificação tão forte com a gente. No Brasil, tenho uma demanda de falar, dar opinião e passar informações. Aqui, fiquei muito em silêncio, apenas observando. Aprendi que dá para fazer uma viagem para buscar a si mesmo.
Sucesso com Foguinho
Astro de cinema e de novelas, Lázaro tem alguma participação no capítulo mais recente dessa paixão de Cabo Verde pelo Brasil. Onde aparecia, era chamado de Foguinho — personagem que interpretou em “Cobras e lagartos”, trama de João Emanuel Carneiro exibida pela TV Globo em 2006 e que fez estrondoso sucesso no arquipélago. Agora com o cabelo platinado após sua participação em “Elas por elas”, ganhou mais uma apelido: “primo do Foguinho”.
— A gente queria que Lázaro se sentisse em casa, como eu me senti quando fui à Bahia — diz a cantora cabo-verdiana Fattú Djakite, que conheceu o ator em um sarau. — Pareceu que já o conhecia, pois ele foi um fenômeno aqui quando fez Foguinho (que ficava rico na novela) e para mim sempre foi referência de preto no poder. Foi uma partilha muito boa, acho que ele sentiu a nossa “morabeza” (termo regional que significa “afabilidade”).
C/ O GLOBO
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